terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pondo a mão na massa

A construção dos blogs, pelos alunos, demorou bastante, pois tivemos algumas dificuldades. Além das já esperadas, isto é, a falta de convivência com o computador, a mais difícil de contornar foi justamente o acesso à Internet, assim como o uso do computador, já que muitos alunos, a maioria da turma, não têm computador em casa. Obviamente os projetos são desenvolvidos na escola, mas seria um facilitador para o aluno, se pudesse estender sua pesquisa em outros espaços. Aí também é outro problema, talvez mais específico em relação aos alunos da EJA, pois a grande maioria trabalha e, pelo que pude perceber, as alunas, além do trabalho fora de casa, têm que dar conta de seus afazeres domésticos. Mesmo assim, aos poucos fomos construindo os blogs e iniciando as postagens, poucas é verdade, mas a preocupação e interesse dos que a fizeram pode ser constatado nos endereços a seguir.
Áurea       http://wwwejaaureafenolio--aurea.blogspot.com/
Edith        www.eja-fenolio-edith.blogspot.com/
Patrícia V www.eja-fenolio-patricia.blogspot.com/
Priscila     http://wwweja-fenolio-priscila.blogspot.com/
Sueli        http://wwweja-fenolio-sueliduarte.blogspot.com/

Em relação a esses blogs, além do início da pesquisa, vale a pena dar uma olhada nos mapas conceituais elaborados pelas alunas.

Os demais conseguiram construir seus blogs, mas ainda não conseguiram fazer suas postagens.
Celeste Cardoso http://eja-fenolio-celeste.blogspot.com/
Ivalter Soares http://www.fenolio-eja-ivalter.blogspot.com/
Janaína Ferreira http://www.fenolio-eja-janaina.blogspot.com/
Jefferson Oliveira http://www.eja-fenolio-jefferson.blogspot.com/
Jucirleide Apolinária http://wwwejajosifenolio-josi.blogspot.com/
Osmar Gonçalves http://www.eja-fenolio-osmar.blogspot.com/
Patrícia Feitosa http://www.fenolio-eja-patricia.blogspot.com/

domingo, 21 de novembro de 2010

é necessário ressignificar colaborativamente

Essa nova etapa no curso de formação em Educação e Tecnologia do Programa Escola Conectada – http://www.educacaoetecnologia.org.br/ – caracteriza-se pelo acompanhamento e intervenção nos blogs desenvolvidos pelos alunos que oriento no desenvolvimento de seus Projetos de Aprendizagem. Nesse novo reinício, vale a pena começar refletindo um pouco sobre o que destacam duas de nossas orientadoras. Isto porque no espaço da escola há vários outros espaços e nem sempre são vistos como interligados.
“...cabe à escola oferecer condições a alunos e professores para que busquem soluções para problemas e desafios. A fim de que isso aconteça, é necessário que se redimensione a função da escola, deixando de se configurar em espaço que limita o conhecimento a campos fechados para se constituir em lugar de ressignificações e construção cooperativa de conhecimentos.“   CAMARGO, Fernanda Bedin e LACERDA, Rosália Procasko. In:Complexidade na sala de aula: favorecendo novas formas de pensar e articular saberes. http://www.educacaoetecnologia.org.br/ead/file.php/33/COMPLEXIDADE_NA_SALA_DE_AULA.doc acessado em 11.09.2010
 Talvez o mais difícil quando se pensa na necessidade de se redimencionar a função da escola seja o fato nos deparar com concepções pedagógicas aquém de nosso tempo. Com isto não estou querendo dizer que se deva esquecer ou desprezar o que se tem feito, afinal, o novo tem sempre uma enorme dívida com o passado, daí a importância em se pensar em ressiginificação colaborativa. E, isso não é tão simples de se operar, mesmo pensando, por exemplo, no contexto de uma unidade escolar.
A inclusão da tecnologia na educação, muitas vezes, tem se restringido à disponibilização de microcomputadores e da Internet, em laboratórios de informática, mas sem um vínculo claro com o currículo escolar. Não é de se estranhar, portanto, que nossos alunos, tão ávidos pela novidade, nem sempre saibam o que fazer com o uso do computador na escola, uma vez que também não estão sendo preparados para isso. Aliás, isso também vale para o professor uma vez que, de forma geral, também não estamos sendo preparado para usar a tecnologia na educação.
Um programa como este, isto é, o desenvolvimento pelo aluno de Projetos de Aprendizagem, como o que estamos tentando desenvolver, além dos desafios, traz, ou exige, essa mudança de atitude. O compartilhamento, principalmente nos fóruns, das angústias, incertezas e acertos, aponta com toda a clareza a natureza dessa mudança, que também estamos experimentando com nossos educandos na interação em sala de aula.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Não é bem assim...

As músicas que selecionei para desenvolver meu PA foram baixadas do site cifrantiga, http://cifrantiga3.blogspot.com/. Como são muitas as músicas (230), considerei as que estavam disponíveis no site (76) como uma espécie de corpus, a partir do qual selecionei 10 aleatoriamente: Conversa de botequim, A razão dá-se a quem tem, João Ninguém, A.b. surdo, Não tem tradução, O maior castigo, Com que Roupa?, Cidade mulher, Três apitos e Último desejo.

Ao ler as letras, procurei ver rapidamente se aquelas características de que me havia lembrado, homem durão, machão estavam mais presentes. Logo percebi que não era bem isso, mesmo na música Três apitos, em que os versos Por que não atende ao grito tão aflito / Da buzina do meu carro? e Você é mesmo artigo que não se imita poderiam sugerir aquele estereótipo. Pois esses versos marcam uma diferença social entre o homem, em seu carro, e a mulher, operária cortejada por ele. Em decorrência disso, poderíamos pensar que o termo artigo, referido à figura feminina, indica um olhar que vê a mulher como objeto, configurando o perfil machista desse olhar. Mas se observarmos a figura masculina representada, o "eu" que fala também é mostrado como objeto, a partir da personificação do carro.

 Por isso e levando em consideração o todo significativo da música, creio ser válido dizer que, em ambos os versos, está em destaque menos a posição machista do que a exasperação do eu provocada pela indiferença do ser amado. Nesse sentido, é a frustração desse eu que está sendo tematizada, em decorrência da indiferença com a qual se sente tratado.

 Assim, fazendo uma releitura desses mesmos versos na música, verificamos que o termo artigo, mais enaltece a figura feminina do que o contrário, pois o verso acaba ressaltando, nesse contexto, a independência econômica da mulher, o que lhe permite ser indiferente aos atributos econômicos e sociais do conquistador. Nesta, como em outras músicas em que o sentimento amoroso entre homem e mulher aparece, poderíamos dizer que o poeta da vila mais critica do que (re)afirma o perfil masculino de sua época. Isto é, com fina ironia e despojamento de linguagem, a música de Noel Rosa, neste aspecto que me interessa aqui, parece descrever um comportamento masculino em contradição com o seu tempo, buscando ora se afirmar em valores até então consagrados, tentando preservar a imagem pública, ora assumindo com parcimônia o fim da relação amorosa, causada pelo que fez, ou talvez pelo que não fez, como sugere Meu último desejo.

 Curiosidade à parte, em relação a esta música, a intérprete Araci de Almeida, incidentalmente ao gravá-la, trocou o artigo "o", definido, por "um", indefinido, no verso Diga sempre que eu não presto, que meu lar é o botequim, operando uma alteração de sentido bastante significativa, se pensarmos, por exemplo, no estado afetivo do eu que lamenta a separação. Estaria aí inconscientemente uma (re)leitura feminina desse eu que se despe(de) em seu último desejo?

terça-feira, 25 de maio de 2010

De conversa em conversa... novas ideias

Iniciando a pesquisa, a pergunta inicial era de que forma o gênero masculino é representado na MPB?, até que parei de ouvir tudo o que aparecia. Mas nesse percurso, lembrei de uma música, regravada por Adriana Calcanhoto, cujos versos iniciais eram Anunciaram e garantiram / que o mundo ia se acabar. Na época em que ouvi, achei muito interessante o trabalho da cantora e compositora, ao fazer aquela releitura musical, recuperando a graça e a sensibilidade cronista de seu autor, Assis Valente. Isso, a crônica presente na letra da música, foi o que me chamou a atenção na época. Agora, pesquisando na Internet, descobri que já conhecia outras músicas desse compositor, mas nem desconfiava que eram suas. Camisa listrada, por exemplo, ouvia na voz de Maria Bethânia, acho que era ela, ainda na década de 60 e, menino de tudo, achava muito divertida a narrativa, que contava as peripécias do folião. Por essa época, havia uma certa ideia, um certo estereótipo do masculino representado nas músicas como “durão”, “machão”. Daí me perguntei se isso poderia ser um caminho de pesquisa para confirmar essa ideia, ou representação, e resolvi ler algumas letras de música de compositores consagrados da MPB. Isso parece que começou a facilitar o trabalho, na medida em vislumbrei um ponto, digamos assim, mais estável, ou mais concreto. Mas ainda ficava a questão da escolha dos compositores e percebi que deveria, pelo menos por enquanto, selecionar um ou dois apenas, para ver o que acontecia. Embora Assis Valente já estivesse no horizonte, também pensei em Cartola e Noel Rosa. Escolhi Noel Rosa, provavelmente por ter lembrado desse aspecto cronista em suas músicas. Aliás, ao ouvir e ler algumas músicas desses compositores, percebi que há bem mais a explorar em suas composições, por isso mesmo resolvi fazer uma mapa conceitual no intuito de verificar as relações mais pertinentes, a partir da ideia básica.

De conversa em conversa... um mapa


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mudanças e novas perspectivas educativas

Dando continuidade a este blog, tentarei situar o rumo da nova etapa a explorar. Nesse sentido, apresento algumas reflexões sobre a prática educativa que estou (a-mos) construindo em grupo, isto é, os Projetos de Aprendizagem, na perspectiva da EAC (Experiência de Aprendizagem Colaborativa), da Educação Conectada.


Ao iniciar o programa, não tinha muita clareza sobre o que seria tudo isso, mas muita expectativa sobre essa nova possibilidade de desenvolver um trabalho em grupo e à distância. Do início até aqui, muitas coisas aconteceram, principalmente no que diz respeito às reflexões, ou um certo aguçamento do olhar para a minha própria prática educativa, uma ampliação inevitável, por exemplo, sobre a noção de desenvolvimento de trabalhos a partir de projetos – projeto do, professor ou da escola –, inclusive, como já havia experimentado. As diferenças entre as práticas anteriores e a que estamos nos propondo aqui são mais do que evidentes e motivadoras, a partir do momento em que a base é o fazer do aluno, orientado pelo professor, ou melhor, orientador.


Por que, então, dar continuidade ao blog e não criar um novo. Acredito que a opção pela manutenção veio da preocupação inicial, isto é, criar um espaço para discutir propostas de práticas educativas. Num primeiro momento, a proposta era discutir estratégias de leitura e produção de textos, bem como aprender a trabalhar com essa ferramenta, o blog, explorando outras possibilidades de interação, além do e-mail, por exemplo, ampliando as minhas próprias possibilidades de comunicação à distância, o que infelizmente acabei interrompendo. Além disso, a preocupação geradora da ação continua e sinto-me bastante estimulado a prosseguir, agora, sob nova perspectiva.


Dando prosseguimento ao programa, isto é, começando a construir meu PA, gostaria de contar um pouco como a pergunta geradora surgiu.


Semana passada estive trabalhando o anúncio publicitário com meus alunos e os textos que usamos para a leitura e análise eram voltados para o público feminino. A cada texto fomos descobrindo um certo olhar caracterizador do papel da mulher na sociedade e como essa caracterização estava sendo construída pela linguagem. Nem preciso dizer que as discussões foram bem acaloradas.


Bem, mas o que isso tem que ver com a pergunta norteadora do PA que deveria construir? Pois é, enquanto pensava nas estratégias para trabalhar esse gênero textual com os alunos, pensei em tomar essa atividade como um possível começo de trabalho de pesquisa dos alunos, por exemplo, sobre a representação da mulher na literatura – um projeto do professor, claro (rsrs) –, o que poderia ser uma estratégia motivadora para despertar o interesse pela leitura e produção de textos. A partir daí, comecei a lembrar de trabalhos que enfocam a mulher representada na MPB, em especial na obra de Chico Buarque. Daí me perguntei: e o homem, como aparece ou como é tematizado, por exemplo, na MPB? Confesso que não conheço trabalho específico sobre esse tema, ou esse recorte. Será que existe algum? Lembro-me de ter visto algo nessa linha em relação ao cinema. Enquanto procuro, pensei em propor para mim a pergunta, mais ou menos assim: de que forma o gênero masculino é representado na MPB? Acho que a pergunta é bastante aberta, apesar do corte MPB, e poderia gerar uma coleta de dados bem interessante. Provavelmente, pensei, terei que fazer novo corte, por exemplo período/época etc. Mas por onde começar?


Depois de muito tropeçar, comecei a ouvir algumas música e encontrei algumas coisas interessantes e que, de certa forma, me deixaram um pouco assustado no que diz respeito ao modo como agrupá-las. Até agora não consegui me decidir quanto a isso, pois ainda estou ouvindo as músicas de forma aleatória, principalmente no rádio, mais ouvindo do que lendo, pois me falta a parte escrita. Essa é uma das dificuldades, para a qual tenho que encontrar uma solução, pois enquanto ação exploratória, ainda dá para contornar, mas começando a pensar nas referências, as coisas começam a se complicar, principalmente por falta de dados.